quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Minhas mortes



Eu morri no dia 31 de dezembro de 2010.
Passada a euforia, e sem trocadilho, a única forma de viver realmente é morrendo, descarregando os fardos e descansando os ombros.
Enquanto estava no Brasil, conversei bastante com o Luiz Engler a respeito destas mortes, mas ele também estava se preparando para uma e decidimos não dramatizar. Apenas morrer.
Assim como na morte, deixei tudo que me sustentava e amava. Casa, família, Sarah, AMIGOS, José....
Cheguei e recomecei as conquistas - nova casa, novos amigos, tempo livre e cabeça a mil. Sem o amor, que muito me faz falta, mas disposta a conhecer outras formas de amar, mesmo sabendo que os perderia também.
Sim, porque morrerei de novo no dia 4 de janeiro, quando espero fechar minha temporada aqui. E novamente, tudo que me contruí, não será meu. Os amores que conquistei, não os terei. Estarei sozinha novamente.
Ou talvez não. Talvez eu nunca mais esteja só, pois tenho me encontrado e me conhecido. Até cheguei a gostar da minha companhia e, em dias como hoje, fico em silêncio e sozinha, só para ursufruir da minha presença. Narcisismo? Não, longe disso.
Sei que minha opção de morrer foi uma das decisões corretas que tomei (espero que o Luiz esteja feliz também).
O melhor da minha morte foi comemorá-la. E todos comemoraram. De formas diferentes, talvez, mas não houve lamentação.
Me senti vitoriosa e forte!! As vezes sonho com a vida passada e acordo triste. A morte não matou os meus sonhos, mas eles não são bons. Prefiro viver e morrer a sonhar.
Não me julguem maluca; eu realmente morri! Se considerarmos que morrer é fazer a passagem, eu a fiz. É complicado para uma agnóstica falar de outras vidas, mas não posso resistir.
Eu morri, porque deixei tudo que tinha acumulado (?), abri mão de todas as conquistas(?), e decidi aderir a uma nova "Casca", recomeçando, disposta a perder, ganhar, sair arranhada e com manchas roxas, mas encarar para conhecer o outro lado. Se gostam de mim por aqui, é por mim. Sem patrocinador ou qualquer outra expectativa. Somente por mim. Estou completa e posso morrer novamente. E novamente me arranhar, ficar com manchas roxas, e recomeçar. Ser amada ou não. Esta escolha é dos outros, não minha, e vou respeitá-la, mesmo que me doa.
Publicamente, agradeço a todos que me ajudaram a morrer, intencionalmente ou não.


Um comentário:

  1. Morrer e renascer: verbos da vida.
    Passar por essas experiencias, por esses verbos, nada mais estamos fazendo do que viver.

    Vamos que vamos!

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